quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Passado que passa, futuro que vem.

Com o perdão do plágio – são as águas de novembro fechando meus passados verões. Passou, ou melhor passaram 23 anos e eu estou intacta, pronta para os próximos verões, primaveras e capas de notícias que virão. Acabou a ditadura, o frenesi dos anos 80, o Collor caiu, a internet veio de vez, o celular diminuiu e depois cresceu de novo. O muro de Berlim foi ao chão, as Torres gêmeas viraram buraco turístico e a guerra do Iraque ridiculamente começou e não terminou. A Xuxa perdeu audiência, os Simpsons viraram filme e os filmes da sessão da tarde não mudaram. O Lula finalmente foi presidente, as CPI’s viraram moda, o Jõao Hélio chocou, depois a Isabela Nardoni e o caso Eloá – até vir o próximo que rapidamente todos vão esquecer.

A China sediou as olimpíadas, o Brasil perdeu a copa de 2006, o Dunga de repente virou técnico da seleção, o Maradona também, o Pelé ainda é o Deus do Futebol e os novos jogadores revelação estão na Europa fazendo bobagens. O volêi ganhou muitas ligas, alguns ginastas levantaram vôo e depois cairam, a natação as vezes vira notícia e o Rubinho continua quebrando. O dólar caiu muito, depois subiu demais e enfim, a crise pegou, fazendo do Brasil o destino dos brasileiros viajantes frustados que queriam ir para o exterior. Veneza não afundou por completo, o apocalipse não rolou, mas a natureza acabou se manifestando em formas de chuvas, furacões e furiosos tsunamis. E, é claro, que o Silvio Santos ainda distribui dinheiro, o Faustão ainda é um tanto quanto desagradável e TV aberta deixa muito a desejar.

E para falar de música, os Beatles continuam em parte vivos e idolatrados e os Rolling Stones ainda ficam em pé. A nova geração do rock não parece rock e a velha geração ficou um tanto quanto sumida. A Bossa Nova fez 50 anos, a velha bossa fez muito mais, o Roberto Carlos ainda grava um cd novo todos os natais e tem gente que insiste em falar que pagode é samba. Samba me lembra carnaval, que na verdade virou trio elétrico em cidade do interior, regado a excessos de axé e muito funk. Verão não é mais só em dezembro, pode aparecer em qualquer dia do ano, assim como todas as outras estações. Nessa loucura temporal o Brasil teve terremotos, chuvas de granizo, enchentes, secas e, o mais incomum, faz dois anos seguidos que não chove nos dia dos mortos.

Agora, como não poderia nunca me esquecer, o mundo continua louco, a violência ainda tá pegando e os carros em breve já virão blindados. Andar na rua pode ser uma aventura e o Brasil só concorre ao Oscar com filmes violentos e inundados de tiros pelo Rio de Janeiro – esse por sinal, continua lindo e lotado de turistas. Ir para o nordeste é cada vez mais caro e na Bahia continua a mesma e deliciosa calma de sempre, com baianas não tão calmas assim, um pouco mais espertas para lidar com turistas e com os mesmos e excelentes e apimentados acarajés.

E assim, o mundo continua indo, mas com os freios cada vez mais danificados. Tudo é acelerado, o tempo agora é cada vez mais rápido e os relógios não conseguem descansar. A vida é corrida e quando se quer fugir por um tempo, ao voltar parece que se esteve na lua – pois tudo já está completamente mudado. Lua que me lembra que insistem em perturbar a possibilidade de vida em Marte e caso encontrem algo por lá, não imagino que vem coisa boa por ai. Nesse meio constante de informações demais, eu, assim como vários outros, tento fazer minha parte a encontrar meu espaço.

Ultimamente me entreguei ao ritmo acelerado, difícil de manter, mas ando me saindo bem. Talvez tenho apenas que parar um pouco, como agora ao escrever esse breve e incompleto histórico dos meus calendários completados, e perceber que ainda tenho muita história para viver, ver, ouvir falar e porque não, escrever. Afinal de contas, o papel ainda não foi extinto, algumas pessoas ainda lêem livros e crônicas no jornal e a moda dos blogs criou inúmeros novos escritores, ou ao menos pessoas quem aspiram essa habilidade.

E, enquanto a vida corre solta por ai, eu me concentro no que de melhor ela pode me oferecer neste momento – o auge da minha juventude corrida, frenética e absolutamente deliciosa. Conselho que devo ter lido em algum livro auto-ajuda, pois esqueci de contar, nesses últimos anos eles viraram os novos best sellers. Quem sabe ainda escrevo um: Como Ver O Tempo Passar Já Que Ele Passa Rápido Demais.