A rua
Carros, ônibus, asfalto,
Calçada, buraco, enxurrada,
Camelôs, ambulantes, vendedores
Indivíduos apressados,
Olhares distraídos
assobios, cantadas.
Sirenes que assustam,
Muros que agridem
Curiosos, acidentes
Turistas perdidos,
bolsas também
Liberdade
Medo
beijos
Insegurança
Felicidade
Vigaristas e pregadores
Poetas, sonhadores
Pessoas misturadas,
vidas cruzadas
_____________________________
LUA
Ah, a Lua!
Poucos pés de astronautas
a visitaram.
Mas todos os corações do
mundo, ali já moraram.
Ah, a Lua!
quinta-feira, 15 de maio de 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Vinícius Bossa Saravá
Claro
A
A
Vinícius,
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Envolvidos pela propaganda
Preciso relatar aqui uma experiência:
Estava eu esperando o metrô na estação, por volta de uma e meia da tarde, como faço obrigatoriamente em todos os dias úteis. Ao longo da plataforma, homens, mulheres e crianças, das mais variadas classes sociais, cores e vestimentas aguardavam ansiosamente o barulho dos cabos de aço se chocando acima de suas cabeças, o que significaria a chegada do metrô. O calor do sol, que mal se afastara do ponto mais alto do céu, era infernal. Nem mesmo a leve brisa estava ajudando, pois soprava um vento quente em quem se aproximava da linha amarela na beirada da plataforma. Vi então que algumas pessoas que estavam sentadas nos bancos metálicos começavam a se levantar. Depois de um leve esforço com a audição, pude perceber o tal barulho dos cabos de aço. Não demorou nem dez segundos para o metrô despontar na curva dos trilhos, entre um muro de concreto e algumas árvores altas. Acostumado com a visão que se repetia todos os dias, rapidamente estranhei quando uma estranha cor laranja emanava dos vagões, no lugar do cinza urbano e das janelas de vidro, por vezes marcadas por rostos indiferentes que acompanhavam a paisagem urbana.
Aquela bizarrice só pôde ser completamente percebida por mim quando os vagões pararam em minha frente e dei alguns passos para trás: os vagões estavam inteiramente cobertos por uma propaganda da Kibom. Era como se houvessem pegado uma peça gráfica adesiva gigante e colado no metrô, cobrindo tudo, até mesmo portas e janelas. Nos poucos segundos que separam a parada do trem e a abertura das portas, todos que estavam na plataforma ignoravam qualquer mensagem publicitária que ali estivesse, preocupando-se apenas em tentar enxergar a parte interna do metrô, para saber se estavam cheios ou vazios, se entravam nesse ou naquele vagão. Mas aquela coisa laranja não deixava. Ao observar mais um pouco, vi que a cor laranja era da textura de um sorvete, de laranja ou sei lá. Havia então o símbolo da Kibom, e uma frase que ocupava toda a extensão do vagão, e que só consegui ler depois que desci e vi o trem de longe. No interior do metrô, as mesmas caras desanimadas de todos os dias depois do almoço e um ambiente mais escuro. A propaganda, apesar de não prejudicar totalmente a visibilidade das janelas, impunha uma película negra para quem quisesse olhar para fora.
Durante os doze minutos de viagem, entre uma parada e outra, uma sacudida na camisa e outra nas barras da calça para espantar o calor, fiquei refletindo sobre o ponto ao qual a publicidade chegou. Um absurdo na minha opinião! A criatividade está aí justamente para evitar esse tipo de coisa. Para mim, não há nenhum resquício de boa idéia em cobrir portas e janelas de um metrô com um outdoor adaptado. Não sei quem é mais idiota, a empresa aqui de Belo Horizonte que permitiu tal forma de anúncio, ou o mídia que põe isso em seu planejamento. Nós fazemos faculdade durante quatro anos para aprender a pensar em soluções inteligentes, que dêem resultado. E o nome de uma disciplina do último período – ética – não deixa dúvidas de que devemos praticar isso também. Antes de terminar, é bom contar a frase que escreveram no anúncio da Kibom, debaixo de tanto calor, concreto e metal: “Se derreter a gente entende, o povo mineiro é quente mesmo”.
Estava eu esperando o metrô na estação, por volta de uma e meia da tarde, como faço obrigatoriamente em todos os dias úteis. Ao longo da plataforma, homens, mulheres e crianças, das mais variadas classes sociais, cores e vestimentas aguardavam ansiosamente o barulho dos cabos de aço se chocando acima de suas cabeças, o que significaria a chegada do metrô. O calor do sol, que mal se afastara do ponto mais alto do céu, era infernal. Nem mesmo a leve brisa estava ajudando, pois soprava um vento quente em quem se aproximava da linha amarela na beirada da plataforma. Vi então que algumas pessoas que estavam sentadas nos bancos metálicos começavam a se levantar. Depois de um leve esforço com a audição, pude perceber o tal barulho dos cabos de aço. Não demorou nem dez segundos para o metrô despontar na curva dos trilhos, entre um muro de concreto e algumas árvores altas. Acostumado com a visão que se repetia todos os dias, rapidamente estranhei quando uma estranha cor laranja emanava dos vagões, no lugar do cinza urbano e das janelas de vidro, por vezes marcadas por rostos indiferentes que acompanhavam a paisagem urbana.
Aquela bizarrice só pôde ser completamente percebida por mim quando os vagões pararam em minha frente e dei alguns passos para trás: os vagões estavam inteiramente cobertos por uma propaganda da Kibom. Era como se houvessem pegado uma peça gráfica adesiva gigante e colado no metrô, cobrindo tudo, até mesmo portas e janelas. Nos poucos segundos que separam a parada do trem e a abertura das portas, todos que estavam na plataforma ignoravam qualquer mensagem publicitária que ali estivesse, preocupando-se apenas em tentar enxergar a parte interna do metrô, para saber se estavam cheios ou vazios, se entravam nesse ou naquele vagão. Mas aquela coisa laranja não deixava. Ao observar mais um pouco, vi que a cor laranja era da textura de um sorvete, de laranja ou sei lá. Havia então o símbolo da Kibom, e uma frase que ocupava toda a extensão do vagão, e que só consegui ler depois que desci e vi o trem de longe. No interior do metrô, as mesmas caras desanimadas de todos os dias depois do almoço e um ambiente mais escuro. A propaganda, apesar de não prejudicar totalmente a visibilidade das janelas, impunha uma película negra para quem quisesse olhar para fora.
Durante os doze minutos de viagem, entre uma parada e outra, uma sacudida na camisa e outra nas barras da calça para espantar o calor, fiquei refletindo sobre o ponto ao qual a publicidade chegou. Um absurdo na minha opinião! A criatividade está aí justamente para evitar esse tipo de coisa. Para mim, não há nenhum resquício de boa idéia em cobrir portas e janelas de um metrô com um outdoor adaptado. Não sei quem é mais idiota, a empresa aqui de Belo Horizonte que permitiu tal forma de anúncio, ou o mídia que põe isso em seu planejamento. Nós fazemos faculdade durante quatro anos para aprender a pensar em soluções inteligentes, que dêem resultado. E o nome de uma disciplina do último período – ética – não deixa dúvidas de que devemos praticar isso também. Antes de terminar, é bom contar a frase que escreveram no anúncio da Kibom, debaixo de tanto calor, concreto e metal: “Se derreter a gente entende, o povo mineiro é quente mesmo”.
domingo, 6 de abril de 2008
Sobre a morte
Parei pra pensar, nem pela primeira e nem pela última vez, e me vi de cara com esta palavra. Assusta muita gente, desespera famílias, desespera pessoas, nos desespera. A morte é tratada de diferente formas em diferentes culturas; mas não é no âmbito do significado bruto da palavra que eu quero discorrer.
Quero falar da morte do Ser.
A gente morre várias vezes antes de morrer literalmente. E essas pequenas mortes, vão modelando, creio eu. Elas acontecem quando a gente menos espera, mas nos atingem de certa forma que passamos a ser menos... vivos. Essas mortes nascem de situações cotidianas, mas as vezes tomam conta do nosso ser de tal forma que pessoas viram zumbis, ou mortos-vivos, como queiram.
Começa lá na nossa infância: “tira a mão desse bolo, menino! Não faz isso porque é feio, faz aquilo porque é bonito”. Em vez de fazermos o que bem entender, a gente já começa a ser influenciado desde então. E - sem querer ser brusco demais - começamos a morrer. Uma criança não tem maldade, não tem malícia, mas já vão logo assassinando ela. E quem diria, são os próprios pais que começam este processo. Tragédia universal! Tragédia até natural, considerando que todos temos um prazo de validade. Mas não acho justo nós mesmos, em nosso juízo, diminuir este prazo, vivendo de ilusões, e dentro de um conformismo que não faz parte do natural do ser humano. A gente nasce, vai aprendendo, vai vivenciando várias novas experiências na vida, mas depois vamos nos curvando para as circunstâncias da vida. Não, não e não. Não façam isso! Eu sei que isso já foi dito, mais ou menos, um bilhão de vezes por aí. Mas o que me faz escrevê-lo é a experiência própria: aquela de acordar um dia e ver a imensidão que é a nossa vida, o mundo, os caminhos a se percorrer, e ter vontade de viver cada momento como se este fosse especial e merecedor de toda a nossa atenção.
Espero que todos vocês possam sentir este sentimento ao menos uma vez na vida.
E, pra concluir o raciocínio, espero também o dia em que o ser humano morra somente uma vez.
Quero falar da morte do Ser.
A gente morre várias vezes antes de morrer literalmente. E essas pequenas mortes, vão modelando, creio eu. Elas acontecem quando a gente menos espera, mas nos atingem de certa forma que passamos a ser menos... vivos. Essas mortes nascem de situações cotidianas, mas as vezes tomam conta do nosso ser de tal forma que pessoas viram zumbis, ou mortos-vivos, como queiram.
Começa lá na nossa infância: “tira a mão desse bolo, menino! Não faz isso porque é feio, faz aquilo porque é bonito”. Em vez de fazermos o que bem entender, a gente já começa a ser influenciado desde então. E - sem querer ser brusco demais - começamos a morrer. Uma criança não tem maldade, não tem malícia, mas já vão logo assassinando ela. E quem diria, são os próprios pais que começam este processo. Tragédia universal! Tragédia até natural, considerando que todos temos um prazo de validade. Mas não acho justo nós mesmos, em nosso juízo, diminuir este prazo, vivendo de ilusões, e dentro de um conformismo que não faz parte do natural do ser humano. A gente nasce, vai aprendendo, vai vivenciando várias novas experiências na vida, mas depois vamos nos curvando para as circunstâncias da vida. Não, não e não. Não façam isso! Eu sei que isso já foi dito, mais ou menos, um bilhão de vezes por aí. Mas o que me faz escrevê-lo é a experiência própria: aquela de acordar um dia e ver a imensidão que é a nossa vida, o mundo, os caminhos a se percorrer, e ter vontade de viver cada momento como se este fosse especial e merecedor de toda a nossa atenção.
Espero que todos vocês possam sentir este sentimento ao menos uma vez na vida.
E, pra concluir o raciocínio, espero também o dia em que o ser humano morra somente uma vez.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Falta Assunto?
Se eu pudesse escolher um tema. Apenas um para que sirva de base, fixação, um tema musa (ou muso), para eu inaugurar esse blog, não daria certo. Sem dúvida eu cairia no banal e falaria sobre a minha falta de assunto. Apesar do que, acredito que escrever sobre não se ter nada a dizer e, conseguir mesmo assim a atenção de um leitor, é um feito considerável. Já vi inúmeros ilustríssimos autores o fazerem. O próprio músico, cronista, poeta, boêmio e etc., Vinícius de Moraes já o fez. Afirmou ser um recurso de ultima instância, bastante gasto, mas que pode resultar no inesperado. Talvez eu, mera aspirante a escritora - de acordo apenas com meus anseios – esteja precipitando em usar a minha falta de assunto tão cedo. Não possuo um histórico de crônicas, vasto o suficiente para não ter mais sobre o que falar. Pensando bem, não é o caso dessa crônica. O que vocês presenciam aqui é uma falta de tema. Pronto, é esse meu assunto. Desculpem-me essa narração confusa para concluir o óbvio, mas foi necessário. Proponho portanto o seguinte. Que tal se escrevermos nesse blog pequenas crônicas, pois tudo o que você imaginar, pode vir a ser uma. Não que as pessoas queiram saber sobre o seu, meu, o nosso cotidiano. Tenho receio que não sejam tão interessantes (sem dizer que a nossa vida seja monótona, sei que não é). Mas é um teste. Se soubermos falar sobre o desinteressante de forma que interesse a alguém, alcançaremos um pequeno sucesso na nossa vida de redator. Falaremos de tudo. Cinema, propaganda, música, comida e bobagens.E eu fico tranqüila, porque ainda posso, futuramente, talvez até aqui neste espaço, escrever uma bela crônica sobre a minha falta de assunto.
quinta-feira, 27 de março de 2008
segunda-feira, 24 de março de 2008
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