quinta-feira, 15 de maio de 2008

Poemas de 6 anos atrás

A rua

Carros, ônibus, asfalto,
Calçada, buraco, enxurrada,
Camelôs, ambulantes, vendedores
Indivíduos apressados,
Olhares distraídos
assobios, cantadas.

Sirenes que assustam,
Muros que agridem
Curiosos, acidentes

Turistas perdidos,
bolsas também

Liberdade
Medo
beijos
Insegurança
Felicidade

Vigaristas e pregadores
Poetas, sonhadores

Pessoas misturadas,
vidas cruzadas

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LUA

Ah, a Lua!
Poucos pés de astronautas
a visitaram.

Mas todos os corações do
mundo, ali já moraram.
Ah, a Lua!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Vinícius Bossa Saravá

li e ouvi muitas pessoas criticarem a Bossa Nova, movimento, estilo, ou ritmo musical – como preferirem. Alguns críticos se apoiam no argumento de que são músicas elitistas feitas para a elite, outros desdenham de que são versos melosos que falam de amor e felicidade. eu, sou uma amante dessa batida, que dizem que começou na voz de João Gilberto, com a música Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, em um LP de mesmo nome.

Comecei a gostar mesmo de Bossa Nova depois que resolvir ler algumas crônicas do Vinícius. E é sobre ele que vou falar, de forma que muitos podem considerar um elogio exagerado. Mas ai está, um carioca que rodou o mundo e sabia melhor do que ninguém dar valor ao nosso país. E foi isso que ele fez, na literatura e na música. Sempre elogiando as mulheres brasileiras, nosso samba, nossos negros. O branco mais preto do Brasil que reafirmou o óbvio de forma deliciosa ao dizer que é melhor ser alegre do que triste, que a mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza e que, sem a assinatura de Deus, em cartório registrado, ninguém pode questionar, a vida é uma só.

Confesso que não li muitos de seus poemas, acabei me fixando nos textos e canções, que fizeram dele, para mim, um ícone da Bossa Nova (e várias outras coisas). Não se enganem que não dou crédito a João Gilberto, Baden Powel, Carlos Lyra, Tom Jobim, Toquinho, Nara Leão e vários etcs, mas a figura desse poeta diplomata, com seu amigo líquido ao lado (uísque) é imbatível. Esse sim sabia aproveitar a vida. Dizem que gastava todo seu dinheiro, nunca guardava, o que reforçou na música "Testamento", que quem ganha pra juntar ainda vai entrar em uma fria. Reunia os amigos, abria as portas de casa para entrar o riso e a música. Falava de amor e mesmo tendo casado nove vezes, garanto que sabia o que dizia. Via na vida uma chance fácil de felicidade, uma bela moça no sol de Ipanema era motivo para sorrir, porque não, que não se sabe nada da vida, que ela está com a razão.

Claro
que ele não fez nada sozinho, suas músicas nunca seriam as mesmas sem outros ilustres cantores brasileiros. Mas não foi à toa que ele mereceu a homenagem, por ele mesmo solicitada, feita por Toquinho e Chico Buarque.

Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A
vida é pra valer,
A
vida é pra levar,
Vinícius,
velho, saravá

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Envolvidos pela propaganda

Preciso relatar aqui uma experiência:

Estava eu esperando o metrô na estação, por volta de uma e meia da tarde, como faço obrigatoriamente em todos os dias úteis. Ao longo da plataforma, homens, mulheres e crianças, das mais variadas classes sociais, cores e vestimentas aguardavam ansiosamente o barulho dos cabos de aço se chocando acima de suas cabeças, o que significaria a chegada do metrô. O calor do sol, que mal se afastara do ponto mais alto do céu, era infernal. Nem mesmo a leve brisa estava ajudando, pois soprava um vento quente em quem se aproximava da linha amarela na beirada da plataforma. Vi então que algumas pessoas que estavam sentadas nos bancos metálicos começavam a se levantar. Depois de um leve esforço com a audição, pude perceber o tal barulho dos cabos de aço. Não demorou nem dez segundos para o metrô despontar na curva dos trilhos, entre um muro de concreto e algumas árvores altas. Acostumado com a visão que se repetia todos os dias, rapidamente estranhei quando uma estranha cor laranja emanava dos vagões, no lugar do cinza urbano e das janelas de vidro, por vezes marcadas por rostos indiferentes que acompanhavam a paisagem urbana.
Aquela bizarrice só pôde ser completamente percebida por mim quando os vagões pararam em minha frente e dei alguns passos para trás: os vagões estavam inteiramente cobertos por uma propaganda da Kibom. Era como se houvessem pegado uma peça gráfica adesiva gigante e colado no metrô, cobrindo tudo, até mesmo portas e janelas. Nos poucos segundos que separam a parada do trem e a abertura das portas, todos que estavam na plataforma ignoravam qualquer mensagem publicitária que ali estivesse, preocupando-se apenas em tentar enxergar a parte interna do metrô, para saber se estavam cheios ou vazios, se entravam nesse ou naquele vagão. Mas aquela coisa laranja não deixava. Ao observar mais um pouco, vi que a cor laranja era da textura de um sorvete, de laranja ou sei lá. Havia então o símbolo da Kibom, e uma frase que ocupava toda a extensão do vagão, e que só consegui ler depois que desci e vi o trem de longe. No interior do metrô, as mesmas caras desanimadas de todos os dias depois do almoço e um ambiente mais escuro. A propaganda, apesar de não prejudicar totalmente a visibilidade das janelas, impunha uma película negra para quem quisesse olhar para fora.
Durante os doze minutos de viagem, entre uma parada e outra, uma sacudida na camisa e outra nas barras da calça para espantar o calor, fiquei refletindo sobre o ponto ao qual a publicidade chegou. Um absurdo na minha opinião! A criatividade está aí justamente para evitar esse tipo de coisa. Para mim, não há nenhum resquício de boa idéia em cobrir portas e janelas de um metrô com um outdoor adaptado. Não sei quem é mais idiota, a empresa aqui de Belo Horizonte que permitiu tal forma de anúncio, ou o mídia que põe isso em seu planejamento. Nós fazemos faculdade durante quatro anos para aprender a pensar em soluções inteligentes, que dêem resultado. E o nome de uma disciplina do último período – ética – não deixa dúvidas de que devemos praticar isso também. Antes de terminar, é bom contar a frase que escreveram no anúncio da Kibom, debaixo de tanto calor, concreto e metal: “Se derreter a gente entende, o povo mineiro é quente mesmo”.

domingo, 6 de abril de 2008

Sobre a morte

Parei pra pensar, nem pela primeira e nem pela última vez, e me vi de cara com esta palavra. Assusta muita gente, desespera famílias, desespera pessoas, nos desespera. A morte é tratada de diferente formas em diferentes culturas; mas não é no âmbito do significado bruto da palavra que eu quero discorrer.
Quero falar da morte do Ser.
A gente morre várias vezes antes de morrer literalmente. E essas pequenas mortes, vão modelando, creio eu. Elas acontecem quando a gente menos espera, mas nos atingem de certa forma que passamos a ser menos... vivos. Essas mortes nascem de situações cotidianas, mas as vezes tomam conta do nosso ser de tal forma que pessoas viram zumbis, ou mortos-vivos, como queiram.
Começa lá na nossa infância: “tira a mão desse bolo, menino! Não faz isso porque é feio, faz aquilo porque é bonito”. Em vez de fazermos o que bem entender, a gente já começa a ser influenciado desde então. E - sem querer ser brusco demais - começamos a morrer. Uma criança não tem maldade, não tem malícia, mas já vão logo assassinando ela. E quem diria, são os próprios pais que começam este processo. Tragédia universal! Tragédia até natural, considerando que todos temos um prazo de validade. Mas não acho justo nós mesmos, em nosso juízo, diminuir este prazo, vivendo de ilusões, e dentro de um conformismo que não faz parte do natural do ser humano. A gente nasce, vai aprendendo, vai vivenciando várias novas experiências na vida, mas depois vamos nos curvando para as circunstâncias da vida. Não, não e não. Não façam isso! Eu sei que isso já foi dito, mais ou menos, um bilhão de vezes por aí. Mas o que me faz escrevê-lo é a experiência própria: aquela de acordar um dia e ver a imensidão que é a nossa vida, o mundo, os caminhos a se percorrer, e ter vontade de viver cada momento como se este fosse especial e merecedor de toda a nossa atenção.
Espero que todos vocês possam sentir este sentimento ao menos uma vez na vida.
E, pra concluir o raciocínio, espero também o dia em que o ser humano morra somente uma vez.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Falta Assunto?

Se eu pudesse escolher um tema. Apenas um para que sirva de base, fixação, um tema musa (ou muso), para eu inaugurar esse blog, não daria certo. Sem dúvida eu cairia no banal e falaria sobre a minha falta de assunto. Apesar do que, acredito que escrever sobre não se ter nada a dizer e, conseguir mesmo assim a atenção de um leitor, é um feito considerável. Já vi inúmeros ilustríssimos autores o fazerem. O próprio músico, cronista, poeta, boêmio e etc., Vinícius de Moraes já o fez. Afirmou ser um recurso de ultima instância, bastante gasto, mas que pode resultar no inesperado. Talvez eu, mera aspirante a escritora - de acordo apenas com meus anseios – esteja precipitando em usar a minha falta de assunto tão cedo. Não possuo um histórico de crônicas, vasto o suficiente para não ter mais sobre o que falar. Pensando bem, não é o caso dessa crônica. O que vocês presenciam aqui é uma falta de tema. Pronto, é esse meu assunto. Desculpem-me essa narração confusa para concluir o óbvio, mas foi necessário. Proponho portanto o seguinte. Que tal se escrevermos nesse blog pequenas crônicas, pois tudo o que você imaginar, pode vir a ser uma. Não que as pessoas queiram saber sobre o seu, meu, o nosso cotidiano. Tenho receio que não sejam tão interessantes (sem dizer que a nossa vida seja monótona, sei que não é). Mas é um teste. Se soubermos falar sobre o desinteressante de forma que interesse a alguém, alcançaremos um pequeno sucesso na nossa vida de redator. Falaremos de tudo. Cinema, propaganda, música, comida e bobagens.E eu fico tranqüila, porque ainda posso, futuramente, talvez até aqui neste espaço, escrever uma bela crônica sobre a minha falta de assunto.

quinta-feira, 27 de março de 2008

teste também

Já que todo mundo testou, também vou testar!

segunda-feira, 24 de março de 2008

O teste

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teste

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