quarta-feira, 23 de abril de 2008

Vinícius Bossa Saravá

li e ouvi muitas pessoas criticarem a Bossa Nova, movimento, estilo, ou ritmo musical – como preferirem. Alguns críticos se apoiam no argumento de que são músicas elitistas feitas para a elite, outros desdenham de que são versos melosos que falam de amor e felicidade. eu, sou uma amante dessa batida, que dizem que começou na voz de João Gilberto, com a música Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, em um LP de mesmo nome.

Comecei a gostar mesmo de Bossa Nova depois que resolvir ler algumas crônicas do Vinícius. E é sobre ele que vou falar, de forma que muitos podem considerar um elogio exagerado. Mas ai está, um carioca que rodou o mundo e sabia melhor do que ninguém dar valor ao nosso país. E foi isso que ele fez, na literatura e na música. Sempre elogiando as mulheres brasileiras, nosso samba, nossos negros. O branco mais preto do Brasil que reafirmou o óbvio de forma deliciosa ao dizer que é melhor ser alegre do que triste, que a mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza e que, sem a assinatura de Deus, em cartório registrado, ninguém pode questionar, a vida é uma só.

Confesso que não li muitos de seus poemas, acabei me fixando nos textos e canções, que fizeram dele, para mim, um ícone da Bossa Nova (e várias outras coisas). Não se enganem que não dou crédito a João Gilberto, Baden Powel, Carlos Lyra, Tom Jobim, Toquinho, Nara Leão e vários etcs, mas a figura desse poeta diplomata, com seu amigo líquido ao lado (uísque) é imbatível. Esse sim sabia aproveitar a vida. Dizem que gastava todo seu dinheiro, nunca guardava, o que reforçou na música "Testamento", que quem ganha pra juntar ainda vai entrar em uma fria. Reunia os amigos, abria as portas de casa para entrar o riso e a música. Falava de amor e mesmo tendo casado nove vezes, garanto que sabia o que dizia. Via na vida uma chance fácil de felicidade, uma bela moça no sol de Ipanema era motivo para sorrir, porque não, que não se sabe nada da vida, que ela está com a razão.

Claro
que ele não fez nada sozinho, suas músicas nunca seriam as mesmas sem outros ilustres cantores brasileiros. Mas não foi à toa que ele mereceu a homenagem, por ele mesmo solicitada, feita por Toquinho e Chico Buarque.

Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A
vida é pra valer,
A
vida é pra levar,
Vinícius,
velho, saravá

2 comentários:

Tales Torres disse...

Confesso que de Bossa Nova eu não entendo muito. Pelo menos eu acho que não: digo isso pelo fato de ser filho de um pai engenheiro e músico nas horas vagas, e irmão de uma irmã cantora nas horas vagas; logo, devo conhecer muito mais do que eu imagine. Inclusive minha irmã já cantou em um festival no Pará uma música, feita pro festival, chamada Pouca Bossa. Se quiser ouvir eu te passo assim que eu achar, ou seja, no dia de são nunca! haha
Gostei da crônica!

Bruno César disse...

Preciso admitir que também não conheço muito sobre a Bossa Nova ou sobre Vinicius de Moraes. Só sei dizer que gosto de tudo que já li e ouvi de autoria do Vinicius. Talvez eu esteja preso a uma idéia superficial baseada nas obras mais famosas dele, como "Garota de Ipanema", que a maioria das pessoas também tem. Mas, depois de tudo que você falou, sobre seu estilo de vida, seu amor e sua valorização com o Brasil, posso falar que gosto um pouco mais de Vinicius de Moraes. Foi uma descrição cativante. =]